“A ira de Deus se revela do céu…” (Rm 1.18)
A ira de Deus não é um capricho. Não é fúria desgovernada. Não é uma explosão de paixão descontrolada. A ira de Deus é sua santa repulsa contra tudo aquilo que conspira contra sua santidade. A ira de Deus é pura, é justa, é necessária. Sendo Deus santo não pode tolerar o mal. Sendo Deus justo não pode deleitar-se na injustiça. A ira de Deus é um atributo divino compatível com sua natureza. O texto de Romanos 1.18-28, trata desse solene tema. Vejamos:
Em primeiro lugar, a ira de Deus é justa por causa da forma injusta com que o homem se relaciona com a verdade (Rm 1.18). “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”. Assim como a justiça de Deus se revela no evangelho (Rm 1.17), a ira de Deus se revela do céu contra a maneira rebelde com que os homens tentam sufocar a verdade. Essa rejeição consciente e deliberada da verdade, tentando matá-la por afogamento provoca a santa ira de Deus. Os homens são ímpios ao rejeitarem a Deus e à verdade. Os homens são perversos ao atentarem contra o seu próximo. Porque o homem caiu em estado de pecado e miséria, tanto sua vida espiritual quanto sua vida moral estão em desacordo com a vontade de Deus. As relações do homem com o criador e com a criatura estão fora de foco.
Em segundo lugar, a ira de Deus é justa porque o homem jamais peca inocentemente (Rm 1.19,20). “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Deus se revelou na natureza. As digitais do criador estão por toda parte. Quando o homem rejeita Deus, seja o índio que vive embrenhado nas selvas ou o cosmopolita que mora nos arranha-céus das grandes metrópoles, está fazendo isso conscientemente. O ateísmo não é uma questão intelectual, mas moral e espiritual. A rejeição da verdade é uma conspiração deliberada contra o criador. Quando o homem deixa de ver Deus na criação não é por uma questão de ausência de provas, mas por uma rebeldia deliberada.
Em terceiro lugar, a ira de Deus é justa porque o homem não expressa a Deus o culto que lhe devido, antes rende-se à idolatria e à imoralidade (Rm 1.21-28). “Porquanto tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças […] e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia…”. Porque o homem rejeitou a Deus deliberadamente, acabou tornando-se insensato, a ponto de fabricar para si seus próprios deuses. Em vez de glorificar a Deus por quem ele é e dar a graças a Deus pelo que ele faz, os homens deram asas a seu raciocínio e chegaram à loucura da idolatria, mudando a glória do Deus incorruptível em ídolos parecidos com homens, aves, quadrúpedes e répteis. A degradação do culto é uma ofensa a Deus. Provoca a santa ira de Deus. A rejeição da verdade desemboca na idolatria e a idolatria desagua na imoralidade. Porque o homem perverteu a natureza do culto, a sua própria natureza foi pervertida. Os homens deixaram o contato natural da mulher para se inflamarem mutuamente, homens com homens, cometendo torpezas. Semelhantemente, as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro contrário à natureza. As relações homoafetivas, à luz do texto bíblico em tela, não são uma conquista da sociedade, mas uma justa retribuição da ira divina: “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia…” (Rm 1.24). “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames…” (Rm 1.26). “E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes” (Rm 1.28). É certo que aqueles que ainda hoje ignoraram a ira de Deus, dela não poderão fugir no Dia do Juízo (Ap 6.12-17).
Rev. Hernandes Dias Lopes