Versículo do dia
Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão.
Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão.
O cântico de Ana, registrado no primeiro livro de Samuel é revolucionário. Uma mulher oprimida por sua esterilidade, ultrajada por sua rival, incompreendida pelo sacerdote e encorajada a desistir de seu sonho pelo seu marido, triunfa pela oração, testifica o milagre de Deus em sua vida e expressa sua adoração a Deus, através de um cântico, onde ela enaltece a soberania de Deus. Quatro verdades são aqui destacadas:
Em primeiro lugar, a incomparabilidade de Deus (1Sm 2.1,2). Deus é incomparável em sua dignidade. Ele é o Senhor, o Deus Javé, autoexistente, autossuficiente e incriado. Ele é o Deus da aliança, o Deus da salvação, digno de receber toda a adoração. Ele é incomparável em sua santidade, em seu poder e em sua sabedoria. Ele é o único Deus e o único refúgio. Portanto, qualquer arrogância diante dele é pura insensatez e consumada loucura.
Em segundo lugar, a capacidade de Deus de mudar a sorte tanto dos poderosos quanto dos humildes (1Sm 2.4,5). Deus é poderoso para derrubar alguém altivamente encastelado entre as estrelas e fortalecer o débil, nocauteado por suas fraquezas. O arco dos fortes é quebrado enquanto os fracos são cingidos de força. Deus tira o rico abastado do topo da pirâmide e o faz descer às profundezas da necessidade extrema, mas abastece com abundância de pão aqueles que estavam amargando fome avassaladora. Deus é poderoso para abrir a madre da mulher estéril e fazê-la plenamente fértil e tirar a força daquela que tinha muitos filhos. Aquele que estava em cima cai e vem ao chão e o que estava na lona é levantado e escala as alturas. Esses fatos não são resultado do acaso nem mesmo consequência da ingerência humana, mas da ação divina.
Em terceiro lugar, a soberania de Deus na história dos homens (1Sm 2.6-8). Ana proclama neste cântico, com firmeza granítica, que o Senhor é quem tira a vida e a dá. Ele é o doador da vida e só ele tem autoridade para tirá-la. Ele tem autoridade para fazer o homem descer à sepultura e sob o comando de sua voz, os mortos sairão do túmulo. O Senhor é quem empobrece e enriquece o homem. É ele quem faz tanto o rico quanto o pobre. A riqueza não é apenas resultado do engenho humano, mas da providência divina. A pobreza não é apenas fruto da inépcia humana, mas também da soberania de Deus. Compete a Deus abaixar o homem e também exaltá-lo. Ele rebaixa uns e exalta outros. Ele humilha o orgulhoso e honra o humilde. O Senhor é capaz de pegar um indivíduo na sarjeta, restaurá-lo e fazê-lo assentar-se entre príncipes. Na ciranda vida, os acontecimentos mudam não ao sabor das circunstâncias casuais, mas as cadeiras dançam, pela ação da mão onipotente de Deus.
Em quarto lugar, a justiça discricionária de Deus (1Sm 2.9,10). Deus conhece e sonda todos os homens. Ele sabe distinguir os piedosos dos perversos. Ele protege os piedosos, mas coloca os perversos em completo desamparo. Aqueles que se insurgem contra Deus e contra o seu ungido jamais prevalecerão. Contra eles o Senhor troveja desde os céus e isso em toda a extremidade da terra. Concluímos, portanto, afirmando que assim como Deus mudou o cenário da história de Ana, ele tem poder também para mudar o cenário de sua vida.
Rev. Hernandes Dias Lopes
Ao escrever sua epístola aos Filipenses, Paulo mencionou o exemplo negativo de alguns crentes de Roma que estavam trabalhando com a motivação errada (Fp 1.15,17). Isso, certamente, enfraquecia a unidade da igreja. Agora, Paulo fala sobre dois perigos que conspiram contra a unidade da igreja. Que perigos são esses?
Em primeiro lugar, o partidarismo (Fp 2.3). A igreja de Filipos tinha muitas virtudes, a ponto de Paulo considerá-la sua alegria e coroa (Fp 4.1). Mas esta igreja estava ameaçada por alguns sérios perigos na área da unidade. Havia tensões dentro da igreja. A comunhão estava sendo atacada. A palavra grega eritheia traduzida por “partidarismo” é resultado de egoísmo. Depois de Paulo mencionar a atitude mesquinha de alguns crentes de Roma que, movidos por inveja pregavam a Cristo para despertar ciúmes nele, pensando que o seu trabalho apostólico era uma espécie de campeonato em busca de prestígio, volta, agora, suas baterias para apontar os perigos que estavam afetando, também, a unidade na igreja de Filipos. Que perigos?
O perigo de trabalhar sem unidade (Fp 1.27). Nada debilita mais a unidade da igreja do que os crentes estarem engajados no serviço de Deus sem unidade. A obra de Deus não pode avançar quando cada um puxa para um lado, quando cada um busca mais seus interesses do que a glória de Cristo. Na igreja de Filipos havia ações desordenadas. Eles estavam todos lutando pelo Evangelho, mas não juntos.
O perigo de líderes buscarem seus próprios interesses (Fp 2.21). Paulo ao enviar Timóteo à igreja de Filipos e dar bom testemunho acerca dele, denuncia, ao mesmo tempo, alguns líderes que buscavam seus próprios interesses. Esses líderes eram amantes dos holofotes; não buscavam a glória de Deus nem a edificação da igreja, mas a construção de monumentos aos seus próprios nomes.
O perigo do mundanismo na igreja (Fp 3.17-19). A unidade da igreja de Filipos estava sendo ameaçada por homens mundanos, libertinos e imorais. Essas pessoas fizeram Paulo sofrer de tal modo, que o levaram às lágrimas (Fp 3.18). Paulo os chama de inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18). Essas pessoas eram mundanas, pois só se preocupavam com as coisas terrenas (Fp 3.19). Eram comilões, beberrões e imorais, com uma visão muito liberal da fé cristã, do tipo que está sempre dizendo: “isso não é pecado, não tem problema”. Em vez de a igreja seguir a vida escandalosa desses libertinos, deveria imitar o seu exemplo (Fp 2.17).
O perigo dos crentes viverem em conflito dentro da igreja (Fp 4.2). Aqui o apóstolo está trabalhando com a questão do conflito entre lideranças da igreja local, pessoas que disputam entre si a atenção e os espaços de atuação na igreja. Quando o trabalho era dirigido pela família de Evódia, possivelmente o pessoal de Síntique não participava, e quando era promovido por Síntique quem não participava era o pessoal de Evódia.
Em segundo lugar, a vanglória ou o egoísmo (Fp 2.3). Vanglória é buscar glória para si mesmo. A palavra grega kenodoxia traduzida por “vanglória” só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Ela denota uma inclinação orgulhosa que busca tomar o lugar de Deus, e a estabelecer como um status auto-assertivo que rapidamente induz ao desprezo do próximo (Gl 5.26). A vanglória destrói a verdadeira vida comunitária. Paulo colocou seu “dedo investigativo” bem na ferida dos filipenses. Os membros da igreja de Filipos estavam causando discórdia por causa de suas atitudes ou ações. Eles desejavam reconhecimento ou distinção, não por puros motivos, mas meramente por ambição pessoal. Eles estavam criando partidos baseados em prestígio pessoal, ao mesmo tempo em que desprezavam os outros.
Por Pr. Hernandes Dias Lopes
Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus;
Salomão foi um homem rico, muito rico. Conhecia como poucos os perigos que ameaçam aqueles que querem ficar ricos a qualquer custo. Sabia que a formação de quadrilha para maquinar o mal, com o propósito de ajuntar bens mal adquiridos, é um esquema sedutor. Por isso escreveu: “Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, coo os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa” (Pv 1.10-14). O dinheiro adquirido com violência é uma maldição. A riqueza que vem como resultado do roubo e do derramamento de sangue torna-se o combustível para destruir os próprios transgressores. Não é pecado ser rico; pecado é amar o dinheiro. Não é pecado ter dinheiro; o problema é o dinheiro nos ter. Não é pecado carregar dinheiro no bolso; o problema é carregar dinheiro no coração. Muitas pessoas, por amor ao dinheiro, mentem, roubam, sequestram e matam. Outros, por amor ao dinheiro casam-se e divorciam, corrompem e são corrompidas, torcem a lei e pervertem o direito. A motivação para a violência é o desejo de acumular bens. O brilho da riqueza têm fascinado multidões, transformando homens em feras, jovens em monstros, pessoas de bem em ladrões incorrigíveis. A ganância insaciável é o útero onde é gestado crimes hediondos. Desde o narcotráfico até o assalto aos cofres públicos são delinquências inspiradas por esse desejo insaciável de pilhar o próximo e acumular o alheio. Os bens roubados não são preciosos nem a casa pode ser verdadeiramente cheia de despojos oriundos do crime. Essa riqueza produz tormento. Essa fortuna desemboca em vergonha, opróbrio e prejuízos irremediáveis. Esse pacote tem cheiro de enxofre e o seu fim é a morte.
Salomão é enfático, quando exorta: Cuidado com as suas alianças! O segredo de uma vida feliz é apartar-se daqueles que, deliberadamente andam no caminho da perversidade. Esses agentes da ilegalidade, protagonistas do crime, feitores de males são proselitistas perigosos, que lançam sua rede sedutora para arrastar pessoas incautas para seu cartel do crime. Nesse projeto de engrossar suas fileiras, buscam alianças e fazem promessas. Querem parceiros e garantem vantagens. Chamam para a aventura e dizem que esse caminho é lucrativo. A bolsa coletiva onde se acumula o dinheiro da iniquidade, entretanto, é maldita. Os valores que entram nela vêm do roubo, da opressão, da violência e do derramamento de sangue. Esses recursos tornam-se o próprio combustível para a destruição dos malfeitores. Essa riqueza entorpece a mente, calcifica o coração, enceguece os olhos e coloca tampão nos ouvidos. Faz do homem um monstro celerado, uma fera sanguesedenta, um lobo selvagem. Ser sábio é não dialogar com esses arautos do crime. Ser prudente é sequer se aproximar daqueles que vivem na marginalidade. Ser feliz é fugir não apenas do mal, mas até mesmo da aparência do mal. A felicidade não habita nas tendas da perversidade, mas está presente na casa daqueles que vivem em retidão e justiça. Não faça alianças com homens perversos; junte-se a pessoas que podem ajudar você a viver mais perto de Deus.
Nessa mesma linha de pensamento, o apóstolo Paulo exorta: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitos flagelos” (1Tm 6.9,10). A exortação é oportuna: Cuidado com os bens mal adquiridos!
Por Pr. Hernandes Dias Lopes
10 Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um.
11 E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família,
12 Dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia.
Depois de afirmar a perfeita divindade de Jesus, o Verbo de Deus (Jo 1.1), o apóstolo João assevera sua perfeita humanidade (Jo 1.14). Jesus é tanto Deus como Homem. É perfeitamente Deus e perfeitamente Homem. O Verbo que criou o mundo fez-se carne e veio morar entre os homens. Possui duas naturezas distintas. É Deus de Deus, luz de luz, co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai e ao mesmo tempo é verdadeiramente Homem. Três verdades devem ser destacadas acerca da encarnação do Verbo.
Em primeiro lugar, o Verbo assumiu a natureza humana. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós…” (Jo 1.14a). O Verbo se fez tem aqui um sentido muito especial. Não é um “se fez” ou “se tornou”, no sentido de ter cessado de ser o que era antes. Quando a mulher de Ló se tornou uma estátua de sal, ela deixou de ser a esposa dele. Mas, quando Ló se tornou pai de Moabe e Amom, ele permaneceu sendo Ló. Esse é, também o caso aqui. O Verbo se fez carne, mas permaneceu sendo o Verbo de Deus (Jo 1.1,18). A segunda Pessoa da Trindade assume a natureza humana sem deixar de lado a natureza divina. Nele as duas naturezas, divino-humana estão presentes inconfundivelmente, imutavelmente, indivisivelmente e inseparavelmente. O fato do Filho de Deus ter se esvaziado e assumido a forma humana é irreversível. Deus, o Filho, sem cessar por um momento de ser divino, uniu-se a à plenitude da natureza humana e se tornou uma autêntica pessoa humana, exceto no pecado. Vemos, portanto, a presença de Deus entre os homens. O Verbo eterno, pessoal, divino, auto-existente e criador esvaziou-se de sua glória, desceu até nós e vestiu pele humana. “A carne de Jesus Cristo tornou-se a nova localização da presença de Deus na terra. Jesus substituiu o antigo tabernáculo. Fez-se um de nós, tudo semelhante a nós, exceto no pecado. Eis aqui o grande mistério da encarnação!
Em segundo lugar, o Verbo trouxe salvação para a raça humana. “… cheio de graça e de verdade…” (Jo 1.14b). Jesus manifestou-se cheio de graça e de verdade. Esses dois grandes conceitos, graça e verdade, não podem estar separados. Em Cristo eles estão em plena harmonia. Graça é um dom completamente imerecido. Algo que jamais poderíamos ter alcançado por nosso próprio esforço. O fato de Jesus ter vindo ao mundo para morrer na cruz pelos pecadores está para além de qualquer merecimento humano. Isso é graça. Jesus é também a Verdade. Nele se cumpriram todas as profecias. Dele falaram os patriarcas e profetas. Para ele apontavam todos os sacrifícios e festas. Ele é a essência do culto e a plena revelação divina. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria.
Em terceiro lugar, o Verbo veio revelar a glória do Pai. “… e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14c). Em Jesus vemos a glória de Deus sobre os homens. Jesus é a exata expressão do ser de Deus. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Ele é a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas. Ele é semelhante ao Pai. Tem a mesma substância. Os mesmos atributos. Realiza as mesmas obras. Jesus é a exegese de Deus. Quem vê a ele, vê o Pai, pois ele e o Pai são um. A glória vista no Verbo encarnado foi a mesma glória revelada a Moisés quando o nome de Javé soou em seus ouvidos; porém, agora, esta glória foi manifestada na terra em uma vida humana. Ele veio cheio de graça e de verdade. Ele veio para trazer a glória plena de Deus entre os homens. Distinto do Pai, mas da mesma natureza do Pai, veio para nos revelar o Pai, em toda a sua glória e majestade e nos conduzir de volta aos braços do Pai. Este é o glorioso mistério da encarnação!
Por Pr. Hernandes Dias Lopes
E alegrar-me-ei deles, fazendo-lhes bem; e plantá-los-ei nesta terra firmemente, com todo o meu coração e com toda a minha alma.
A justificação pela fé foi um dos pilares da Reforma do século dezesseis. O conceito de que a salvação é uma somatória do esforço humano e da disposição divina, uma parceria entre a fé e as obras está em total desacordo com o ensino das Escrituras. A salvação é pela graça mediante a fé e não o resultado das obras nem mesmo da adição de fé mais obras. A salvação não é uma conquista do homem, é um presente de Deus. Não é uma medalha de honra ao mérito, mas uma manifestação do favor imerecido de Deus.
O sinergismo, a ideia de que a salvação é uma conjugação de fé mais obras, não tem amparo nas Escrituras. A verdade meridianamente clara é que a salvação é recebida mediante a fé independentemente das obras. As obras não são a causa da salvação, mas seu resultado. Não somos salvos pelas obras, mas para as obras. A fé é a raiz, as obras são os frutos. A fé produz obras; as obras revelam a fé. Não estamos com isso desprezando as obras nem diminuindo seu valor. As obras são absolutamente importantes. Elas são a evidência da salvação. Não praticamos boas obras para sermos salvos, mas porque fomos salvos pela fé.
A fé, porém, não é a causa meritória da justificação. Não somos justificados com base naquilo que fazemos para Deus, mas no que Deus fez por nós. Não há mérito na fé. A fé é dom de Deus. Não fomos escolhidos por Deus porque cremos; cremos porque fomos escolhidos por Deus. A fé é resultado da escolha divina e não sua causa. Se a fé fosse a causa da escolha divina, ela seria meritória. Então, a causa da eleição para a salvação estaria em nós e não em Deus. A verdade inconteste, entretanto, é que Deus nos escolheu para a salvação em Cristo não por causa de qualquer mérito em nós, mas apesar dos nossos deméritos. A causa do amor de Deus por nós não está em nós, mas no próprio Deus. Ele nos amou quando éramos ímpios, fracos, pecadores e inimigos.
A justificação é um ato legal, forense e judicial de Deus. É feita no tribunal de Deus e não em nosso coração. Realiza-se fora de nós e não em nós, no céu e não na terra. Por causa da morte substitutiva de Cristo, somos declarados inculpáveis diante de Deus. Estamos quites com sua santa lei. Todas as demandas da justiça divina foram satisfeitas mediante o sacrifício substitutivo de Cristo. Deus, assim, justifica não o justo, mas o injusto, que crê naquele que é Justo. Consequentemente, nossa justificação não está fundamentada em nossa justiça pessoal, mas na justiça de Cristo imputada a nós. Cristo morreu como nosso representante e fiador. Ele carregou em seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Nossas transgressões foram lançadas sobre ele. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele quitou nossa dívida. Não pesa mais sobre nós, que estamos em Cristo, nenhuma condenação, e isso, porque nossa dívida não foi colocada em nossa conta. Nossa dívida foi colocada na conta de Cristo e ele, na cruz, rasgou esse escrito de dívida que era contra nós e pagou toda essa dívida com o seu sangue, dando um brado de vitória: “Está consumado”. Mais, a justiça de Cristo foi depositada em nossa conta. Agora, estamos vestidos com vestes de justiça. Fomos justificados!
Concluímos, enfatizando que, quando afirmamos que somos justificados pela fé, não estamos dizendo que a fé é a base da justificação. A fé é apenas a causa instrumental. A causa meritória é o sacrifício de Cristo na cruz. Tomamos posse dos benefícios da morte de Cristo pela fé. A fé não é a causa, é o meio. A fé é a mão estendida de um mendigo que recebe o presente de um rei. Essa fé salvadora não é meritória nem mesmo procede do homem. O mesmo Deus que dá o fim, a salvação, também dá o meio, a fé salvadora. De tal forma que, a salvação é obra exclusiva de Deus de ponta a ponta, sem qualquer mérito do homem. Na verdade, tudo provém de Deus, tudo é feito por Deus e tudo é consumado por Deus para que ele mesmo receba toda a glória, agora e eternamente!
Por Pr. Hernandes Dias Lopes
E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.
A prática do bem não pode ser postergada. Assim nos ensina as Escrituras: “Não te furtes de fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo” (Pv 3.27). A parábola do Bom Samaritano é uma ilustração eloquente do texto em apreço. Tanto o sacerdote quanto o levita viram um homem semimorto caído à beira do caminho e passaram de largo. Agiram com criminosa indiferença. Pensaram mais no conforto e segurança própria do que em socorrer o necessitado. Eles tinham oportunidade de fazer o bem, e não o fizeram. A omissão e a indiferença são pecados cruéis. É a apostasia do amor, o divórcio da misericórdia, a morte da sensibilidade. A prática do bem não pode ser postergada se está em nossas mãos o poder de realizá-la imediatamente. Não podemos despedir o nu sem roupa se temos como cobrir sua nudez. Não podemos despedir vazio o faminto se temos em nossa despensa abundância de pão. Não podemos falar ao próximo: volte amanhã, se podemos socorrê-lo no exato momento de sua necessidade. Quem ama tem pressa em socorrer a pessoa amada. Quem ama não adia a solução de um problema que é colocado em suas mãos. Delegar a solução de um problema a outrem tendo nós a oportunidade de resolvê-lo é consumada covardia. Deixar de ajudar alguém, tendo nós a chance e os recursos para atendê-lo é negar o amor. O bem precisa ser praticado e praticado sem tardança.
A Palavra de Deus ainda nos adverte: “Não digas ao teu próximo: Vai e volta amanhã; então, to darei, se o tens agora contigo” (Pv 3.28). A demora pode ser um erro irremediável. Protelar uma ação pode ser fatal. Muitos chegam tarde demais, quando poderiam ter chegado mais cedo. Outros deixam de estender a mão para socorrer alguém que está nos portais da morte. Salomão coloca uma situação prática para ilustrar esse fato. O próximo é toda pessoa necessitada que está em nosso caminho, ao nosso alcance. Essa pessoa pode ser membro da família de sangue, ligado à família da fé ou até mesmo alguém que se declara nosso inimigo. Se essa pessoa estiver necessitada e buscar nossa ajuda, tendo nós condições de socorrê-la, não devemos dizer a ela: “Volte amanhã e eu to darei o que me pedes”. A prática do bem precisa de feita imediatamente, com senso de urgência, pois a pessoa necessitada nem sempre pode esperar. Nosso coração não pode ser relutante na prática das boas obras. Nossas mãos não podem ser remissas na demonstração do amor. Despedir vazio o faminto, descoberto o nu e sedento o sequioso, com a promessa de que amanhã o ajudaremos é uma negação do amor, uma apostasia da misericórdia, uma negação da fé. O amor é pródigo na prática do bem. O amor tem pressa em socorrer a pessoa amada. Quem ama sai do território do discurso para engajar-se na ação misericordiosa.
Você tem sido uma fonte exuberante na qual os sedentos encontram refrigério? Você tem sido um celeiro transbordante onde os famintos podem mitigar sua fome? Você tem sido um mensageiro da esperança, onde os atormentados pelos dramas da vida podem buscar paz? Você tem sido um embaixador da verdade, onde os errantes podem encontrar o caminho? Você tem sido um amigo fiel onde as pessoas aflitas podem encontram uma palavra de conforto? Você tem sido um conselheiro sábio onde as pessoas confusas podem encontrar o caminho da vida? Você tem sido pródigo na prática da misericórdia e cuidadoso na censura ao próximo? Você tem sido um bálsamo do céu onde você está plantado? Você é alguém que torna o ambiente onde você está melhor, porque de sua vida transborda a graça de Deus e de suas mãos fluem a misericórdia? O alerta continua: Faça o bem, mas faça agora!
Por Pr. Hernandes Dias Lopes
Versículodo dia
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Mateus 5:4
O apóstolo Paulo falando sobre a humilhação de Cristo, escreve: “A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). Cristo se esvaziou e se humilhou quando ele se fez homem. Depois desceu mais um degrau nessa escalada da humilhação, quando se fez servo; mas, desceu às profundezas da humilhação quando suportou a morte e morte de cruz. Por seu sacrifício, ele transformou esse horrendo patíbulo de morte no símbolo mais glorioso do Cristianismo (Gl 6.14).
A cruz de Cristo é a grande ênfase de toda a Bíblia, tanto do Velho como do Novo Testamento (Lc 24.25-27). Dois quintos do Evangelho de Mateus são dedicados à última semana de Jesus em Jerusalém. Mais de três quintos do Evangelho de Marcos, um terço do Evangelho de Lucas e quase a metade do Evangelho de João dão a mesma ênfase. O apóstolo João fala da crucificação de Cristo como a “a hora” vital para a qual Cristo veio ao mundo e seu ministério foi exercido (Jo 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 12.27; 13.1; 17.1). Cristo morreu para remover o pecado (1Pe 2.24; 2Co 5.21), satisfazer a justiça divina (Rm 3.24-26) e revelar o amor de Deus (Jo 3.16; 1Jo 4.10).
A morte de cruz tinha três características:
Ela era dolorosíssima. Era a pena de morte aplicada apenas aos escravos e delinquentes. Havia um adágio que dizia que uma pessoa crucificada morria mil mortes. Muitas vezes, o crucificado passava vários dias pregado na cruz e morria lentamente com câimbras, asfixia e dores atrozes.
Ela era ultrajante. A pessoa condenada era açoitada, ultrajada e cuspida e, depois, tinha que carregar a cruz debaixo do escárnio da multidão até o lugar da sua execução.
Ela era maldita. Uma pessoa que era dependurada na cruz era considerada maldita (Dt 21.23; Gl 3.13). Assim, enquanto Jesus estava pendente na cruz, embaixo Satanás e suas hostes o assaltavam; em volta os homens o escarneciam; de cima, Deus o cobria com um manto de trevas, símbolo de maldição e de dentro prorrompia o amargo grito: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” De fato, Cristo desceu a este inferno, o inferno do Calvário. O Senhor da Igreja consentiu em terminar sua vida num patíbulo romano e do ponto de vista judaico, morrer sob condenação divina. Assim, Jesus nos conduz como num imenso mergulho, dos mais elevados píncaros aos mais profundos vales, da luz de Deus para a escuridão da morte.
Mas, não devemos olhar a morte de Cristo na cruz apenas sob a perspectiva do sofrimento físico. A grande questão é: por que ele morreu na cruz? Cristo não foi para a cruz porque Judas o traiu por ganância, porque os sacerdotes o entregaram por inveja ou porque Pilatos o condenou por covardia. Ele foi para a cruz porque o Pai o entregou por amor e porque ele a si mesmo se entregou por nós. Ele morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3). Nós o crucificamos. Nós estávamos lá no Calvário não como plateia, mas como agentes da sua crucificação.
A cruz de Cristo é a maior expressão do amor de Deus por nós e a mais intensa expressão da ira de Deus sobre o pecado. O pecado é horrendo aos olhos de Deus. A santa justiça de Deus exige a punição do pecado. O salário do pecado é a morte. Então, Deus num ato incompreensível de eterno amor, puniu o nosso pecado em seu próprio Filho, para poupar-nos da morte eterna. Na cruz Jesus bebeu sozinho o cálice amargo da ira de Deus contra o pecado. Na cruz Jesus foi desamparado para sermos aceitos. Ele não desceu da cruz para podermos subir ao céu. Ele se fez maldição na cruz para sermos benditos de Deus. Ele morreu a nossa morte para vivermos a sua vida!
Rev. Hernandes Dias Lopes
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.
O Salmo 46 fala de Deus como o refúgio do seu povo. Nos versículos 1 a 3 vemos quem Deus é; nos versículos 4-7 onde Deus está; e, nos versículos 8 a 11, o que Deus faz. Nos versículos 1 a 3 vemos Deus sendo refúgio do seu povo, quando a natureza está em fúria. Nos versículos 4 a 7 vemos Deus no meio do seu povo, quando este é sitiado pelos inimigos. Nos versículos 8 a 11 vemos Deus desbaratando os inimigos, impondo a eles completa derrota.
Diante da convulsão da natureza e das catástrofes naturais somos desafiados a não temer (v. 2). Diante do cerco do inimigo, somos conclamados a não ficar abalados (v. 5). Diante dos poderosos feitos de Deus, colocando termo à guerra e neutralizando seus instrumentos de destruição, somos exortados a compreender a singularidade de Deus, que é exaltado entre as nações.
Destacaremos, portanto, esses três aspectos deste Salmo:
Em primeiro lugar, a proteção de Deus (Sl 46.1-3). Não precisamos viver dominados pelo medo, porque Deus é o nosso refúgio, quando somos acuados pelas circunstâncias. Não precisamos sucumbir ao temor porque Deus é a nossa fortaleza, quando o maligno nos assalta. Não precisamos ficar intimidados com as tribulações, porque mesmo nesse beco sem saída, Deus é o nosso socorro bem presente. Não precisamos viver prisioneiros do medo nem mesmo diante das catástrofes da natureza. Terra transtornada, montes se abalando no seio dos mares e águas revoltas a ponto de abalar e estremecer os montes é uma descrição de terror, que coloca em pânico até mesmo os poderosos. Mesmo nessas circunstâncias radicais, de total vulnerabilidade humana, não precisamos temer. A vitória sobre o medo não decorre de nossa força, mas da proteção divina.
Em segundo lugar, a presença de Deus (Sl 46.4-7). O povo de Deus, mesmo cercado por inimigos perigosos, tem sua alegria renovada pela presença do rio da graça que flui do trono de Deus. A cidade de Deus, simbolizada por Jerusalém, é uma descrição de seu próprio povo. Nessa cidade está a morada do Altíssimo. Somos a habitação de Deus. Somos o templo do Espírito Santo. Deus habita na igreja. Deus está no meio da igreja. Por isso, ela jamais será abalada. Deus é o seu ajudador, por isso, os inimigos não podem prevalecer contra ela. Mesmo que os inimigos sejam muitos e poderosos, mesmo que as nações se enfureçam e os reinos deste mundo se levantem contra Cristo e sua igreja, a cidade de Deus jamais fica abalada, porque o Senhor dos Exércitos está com ela. O Deus de Jacó, o Deus da aliança, é o seu refúgio.
Em terceiro lugar, o poder de Deus (Sl 46.8-11). O povo de Deus é convidado a vir e ver as obras do Senhor. Ele é quem abate os poderosos, faz despencar os arrogantes e despede vazios os ricos. Ele é quem coloca um ponto final na guerra e impõe uma acachapante derrota aos seus inimigos. Ele é quem desbarata os exércitos inimigos e quem torna em sucata os instrumentos de guerra. Deus abate reinos e destrona reis. Os reinos deste mundo passam. Os poderosos deste século são dissipados com o sopro do Deus Todo-poderoso. O Senhor vindica a sua própria glória, pois é exaltado em toda a terra.
O salmista conclui esta canção, repetindo a monumental declaração: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl 46.7,11). Se aquele que tem as hostes celestiais sob seu comando, o Deus Todo-Poderoso está conosco, não precisamos ter medo; se o Deus de Jacó, o Deus de toda a graça, é o nosso refúgio, jamais precisamos viver abalados. Foi fundamentado neste Salmo que Martinho Lutero escreveu a marselhesa da Reforma, o hino “Castelo Forte”. Milênios passam, séculos ficam para trás e anos voam nas asas do vento, mas Deus continua sendo o nosso refúgio e a nossa fortaleza, de geração em geração.
Rev. Hernandes Dias Lopes
Versículo do Dia Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos. Salmos 19:12